domingo, 30 de setembro de 2012

Um abismo digital em sala de aula

Via Portal Nassif.

40% dos professores não usam web na escola

Por Vinicius Carioca
Grasielle Castro e Amanda Almeida - Correio Braziliense
Pesquisa mostra que três em cada quatro adolescentes navegam na internet. Mas 40% dizem que professores não usam a web na escola.
Nascidos na era da tecnologia, as crianças e os adolescentes estão ligados nas novidades e funcionalidades das quatro principais telas que os cercam: da televisão, do telefone celular, do computador e do videogame. Tudo conectado em tempo real pela internet e que faz parte da rotina de uma garotada que já não consegue, sequer, desligar o telefone durante a aula. Mesmo sem ter computador em casa, 75% dos adolescentes com idade entre 10 e 18 anos, navegam na internet. Entre as crianças de 6 a 9 anos, o índice é 47%. Quando se trata de educação, 40% dos jovens dizem que os professores não usam a internet em sala de aula. Para especialistas, existe uma lacuna que precisa ser preenchida por educadores e alunos.
Esses números, apurados pela pesquisa Gerações Interativas Brasil - Crianças e Jovens diante das Telas, feita pela Fundação Telefônica Vivo (ligada à operadora de telefonia), e divulgada ontem, soam como um alerta, segundo a especialista em inclusão digital e professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Amaralina Miranda de Souza. Ela explica que o resultado reflete uma mudança de mentalidade de uma geração para outra, provocada pelos avanços da tecnologia. Mas ressalva que os passos estão lentos. "Fica claro que existe a necessidade de formar professores capacitados para usar esses instrumentos", frisa.
Apesar de lembrar que a maioria dos docentes não teve esse tipo de formação, Amaralina reforça que esse tema deve ser introduzido na agenda diária como um grande aliado da educação, capaz de atender melhor às necessidades dos estudantes. Alguns só se desconectam quando estão dentro da sala de aula, como a estudante Mariana de Oliveira, de 14 anos. Com o celular na mão, ela passa o dia conectada nas redes sociais. "Na escola, só ligo no intervalo", garante a menina. A mãe, Elyene Alves, 40, diz que dá orientações à filha sobre os perigos da internet e como se relacionar com estranhos. Ela diz que, às vezes, é necessário "puxar a orelha" da filha: "Tem dia que a busco no colégio e ela fica mexendo no celular por todo o caminho. Tenho que avisar: 'olha, estou aqui'".
Diferenças regionais - Entre os adolescentes, 53% usam a internet para estudar e fazer a lição de casa e 72% acessam esse conteúdo de casa. Embora a estatística seja nacional, existem diferenças entre as regiões. Coordenadora científica do projeto Escola do Futuro e professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Brasilina Passarelli aponta essa discrepância como mais um fator que interfere no uso da internet nas salas de aula. "A infraestrutura das regiões Norte e Nordeste não são equivalentes à do Sudeste e Centro-Oeste. Essa é outra barreira a ser ultrapassada". A pesquisa mostrou que, embora o número de conectados seja alto, 70,4% das crianças da Região Sudeste têm computador em casa, enquanto no Nordeste esse índice cai para 21,2%.
A aposta do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, para reverter esse quadro é o lançamento de um plano de universalização da banda larga. "Com conexão wi-fi, mesmo sem ter um pacote de dados no celular, (o usuário) poderá ter acesso à internet", diz. Outra aposta do governo federal é a compra de tablets (computadores em forma de prancheta) para professores que, segundo o ministro, vai estimular o uso da plataforma como instrumento de ensino.
O presidente da operadora Telefônica, Antonio Carlos Valente, lembra que os tablets não foram incluídos na análise porque foram lançados no ano em que a pesquisa foi iniciada. O levantamento, apurado entre 2010 e 2011, ouviu 1.948 crianças e 2.271 jovens de escolas públicas e particulares de zonas urbanas e rurais de todas as regiões do País.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Estado de greve continua. Mais de 1.800 trabalhadores da educação sinalizaram greve no início de 2013, caso governo não implante 1/3 de hora-atividade

Do Portal da APP Sindicato


18/9/2012

Assembleia mantém estado de greve e aprova calendário de luta

Mais de 1.800 trabalhadores da educação sinalizaram greve no início de 2013, caso governo não implante 1/3 de hora-atividade

No dia da paralisação estadual, assembleia da categoria, hoje (18), em Curitiba, reuniu mais de 1.800 sindicalizados e deliberou pela manutenção do estado de greve, aprovada na assembleia de 30 de agosto, e aprovou o calendário de mobilizações para cobrar do governo as pautas dos professores e funcionários. A categoria aguarda o envio da mensagem legislativa da readequação do Plano de Carreira dos Funcionários à Assembleia Legislativa e o pagamento das promoções e progressões atrasadas até o dia 30 de setembro.
Ficou definido que caberá à Direção Estadual o chamamento de nova assembleia, em caso de interrupção no atendimento das demandas da categoria. Para o início de 2013, o indicativo é de greve, caso o governo não cumpra a promessa de fazer os suprimentos das vagas já com um 1/3 de hora-atividade para os professores. Além disto, a categoria mobilizada reafirmou sua disposição pelo enfrentamento permanente pela pauta pedagógica, negando toda forma de desmonte educacional.
A assembleia referendou as decisões do Conselho da Entidade, reunido no sábado em Curitiba, que, além da continuidade do estado de greve, havia discutido e aprovado o acompanhamento da tramitação da lei da readequação do Plano de Carreira dos Funcionários na Assembleia Legislativa, o que, caso não aconteça, vai ensejar duas mobilizações - no dia 9 de outubro, nas escolas, com debates dos educadores com os alunos e comunidade sobre a importância do trabalho dos funcionários da educação, e outra no dia 17, nos Núcleos Regionais de Educação.

Salão lotado - A assembleia lotou o salão da Sociedade Morgenau e requereu esforço dos companheiros para acomodar o grande número de participantes, entre os quais não filiados admitidos na condição de observadores. A assembleia foi suspensa por alguns instantes para que os educadores, que aguardavam na parte de fora, pudessem fazer o credenciamento e participar das discussões. Ontem, a Secretaria de Educação anunciou que a ausência do trabalho hoje seria computada como falta; a APP reagiu solicitando que a falta não seja consignada até que se discuta o tema em uma próxima reunião com o governo.
Segundo a presidenta da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, o sucesso foi total na construção da unidade. "Saímos com uma pauta muito unificada, um consenso geral de continuidade do estado de greve, intensificar a nossa luta, construir os próximos passos, de que temos de convocar assembleia assim que for necessário, mas agora é o momento de toda a nossa categoria se voltar para a escola", disse a presidenta, referindo-se à necessidade de a categoria construir unidade na luta também nos locais de trabalho.

Outubro de luta - Outras iniciativas já estão definidas, segundo o calendário aprovado em Assembleia, como o ato público em conjunto do Fórum Estadual das Entidades Sindicais dos Servidores, no dia 23 de outubro, no Centro Cívico em Curitiba, tendo como bandeiras o novo modelo de saúde e novo plano de custeio da Paranaprevidência.
Ainda a categoria vai promover uma campanha ao longo de outubro, marcado para ser o Mês de Valorização 

Profissional, com debates e exibição de vídeos para funcionários de escola e professores. Estão previstos ainda seminários macrorregionais de diretores e pedagogos, bem como reuniões dos Coletivos de Funcionários Estadual e Regionais.

Informes - Antes das deliberações, os trabalhadores da educação puderam ter conhecimento da última etapa de negociação, realizada ontem, entre APP e governo. A presidenta do sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, relatou os problemas enfrentados na negociação com relação aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal sobre despesa com pessoal e da iniciativa da APP em buscar no Tribunal de Contas formas de mitigar as restrições da lei, o que permitiria maiores avanços para os trabalhadores. Para isso, a assembleia deliberou pelo acompanhamento da votação desta matéria no Tribunal de Contas.
A presidenta ainda informou dos avanços na discussão sobre o novo concurso do magistério, que ficará a cargo da Secretaria de Educação e da Secretaria de Administração, mas que ainda não tem definida a instituição que o levará a efeito. Cinco instituições participam da licitação por carta convite e em 15 dias deve ser definida a vencedora. A partir daí haverá o cronograma; a Seed, porém, estima que apenas a primeira etapa, a prova escrita, será realizada este ano; a prova didática, que não terá mais caráter eliminatório, mas contará com nota mínima para corte, deve ser realizada em 2013. Uma grande conquista da APP foi a eliminação da prova psicológica, inicialmente proposta pela Seed. No início das aulas, diante da carência de docentes, o suprimento será feito com PSS.
Ontem, saiu o edital do PDE 2013, no qual se encontram propostas acolhidas pelo governo com relação ao tempo de serviço completo e cursos. Não foi admitida, contudo, a liberação total das aulas extraordinárias, tema que voltará ao debate com o governo.

Remoção de funcionários - Outra conquista importante anunciada pela professora Marlei foi o inédito concurso de remoção para funcionários de escola, que acontece pela primeira vez, agora no mês de novembro, logo depois do concurso de remoção de professores, de outubro. Já o cargo de 40 horas continua sob questionamentos do Ministério Público. O debate, porém, prossegue, e a APP vai a um novo debate com o procurador-geral, Gilberto Giacoia.

Piso - Conforme já definido na reunião do Conselho, foram definidas ações de integração da APP nos debates nacionais da regulamentação da carreira docente e o acompanhamento da tramitação da ação direta de constitucionalidade na qual seis governadores contestam o critério de correção do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). Para isso serão confeccionados e distribuídos cartazes denunciando os "Traidores da Educação". A assembleia também aprovou o acompanhamento do debate e votação do Plano Nacional da Educação (PNE) no Senado Federal.