sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Aprovado 'estado de greve' até 18 de setembro

Do Portal da APP Sindicato


30/8/2012

Categoria aprova "estado de greve" até dia 18

Governo pediu até dia 17 para Lei do Piso e setembro para outros pagamentos. Dia 18 está marcada nova assembleia e paralisação.

Mais de 2.500 educadores e educadoras realizaram assembleia histórica na tarde de hoje na sede do Paraná Clube em Curitiba. O mês de setembro será de intensa mobilização a fim de pressionar o governo para que cumpra os compromissos assumidos na reunião de hoje
. A APP realizará visitas às escolas, produção de materiais, faixas e jornais especiais. Após muitos debates, o seguinte calendário de mobilização foi aprovado:

Dia 5 - Ato em Curitiba na boca maldita e em todas regionais referente à VI Marcha Nacional Pela Educação, promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Dia 18 - assembleia extraordinária e paralisação estadual

O reajuste do magistério foi aprovado ontem pela Assembleia Legislativa (Alep) e já sancionado. O governo se comprometeu a fazer uma folha complementar até o dia 17.

Em setembro, deve ser encaminhado o plano de carreira dos funcionários para a Alep, já incluindo reajuste de 3,54% ou R$ 100 no auxílio transporte. O novo plano de carreira dos professores será enviado em outubro.

Também se comprometeu a no próximo mês a implementar as promoções e progressões, com os atrasados do PDE. 

Todas as quintas-feiras, as escolas devem mandar representantes para o Tribunal de Contas para pressionar a aprovação das mudanças nos critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal, a fim de abrir margem fiscal para as negociações.

A hora-atividade está prevista para o início do ano letivo. Na assembleia definiu-se que em dezembro, durante a distribuição da aulas, se esse direito não for garantido, a categoria entra o próximo ano em greve.

Também foi retirada uma moção de repúdio contra a política de desmonte pedagógico das escolas públicas que está se encaminhando com maior intensidade neste governo.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

30 de agosto: Grande mobilização em Cornélio Procópio

Da APP - NS Cornélio Procópio

Mais uma vez, no 30 de agosto, os professores, funcionários de escola, alunos e comunidade tomaram as ruas em todo o Paraná para lembrar esta data histórica para educação de nosso estado. No dia 30 de agosto de 1988 os educadores paranaenses, com total desrespeito, o então governado do Paraná, Álvaro Dias, deu ordens para que a polícia militar impedisse a manifestação dos professores que se encaminhavam ao Palácio Iguaçu, em Curitiba. Ao invés do diálogo, o governador preferiu realizar um covarde ataque contra os professores, sendo lançadas bombas contra os manifestantes e terríveis agressões da polícia militar, jogando os cavalos sobre os educadores e muita violência com pancadas a cassetetes.

Todos os anos são realizados atos públicos por todo o estado e uma passeata em Curitiba que relembra o fatídico dia dia em que Álvaro Dias atacou a manifestação dos professores com bombas e cavalos, em 1988. Porém, neste ano, a data coincide com o prazo dado ao governo para resolver as pautas da categoria. Por isso, além de paralisação e passeata, ocorrerá uma grande assembleia, para que a categoria analise e vote as próximas ações. "Se o governo não resolver além do reajuste dos professores e funcionários e o plano de carreira, nós vamos entrar em estado de greve", adiantou a presidenta Marlei Fernandes de Carvalho.

Em Cornélio Procópio, a manifestação teve a participação maciça dos educadores, funcionários, alunos e comunidade em geral. Reunidos no calçadão da Rua Massud Amin, muitos dos presentes discursaram, fazendo o resgate histórico das lutas da categoria e a importância do ato público, no intuito de sensibilizar a comunidade, o governo e a assembleia legislativa do Paraná sobre a necessidade de se criar e dar melhores condições para educação paranaense.

Veja abaixo as fotos da manifestação:








30 de agosto: Grande manifestação dos professores em Bandeirantes

Do site da Rádio Cabiúna

Professores da rede estadual do Paraná cruzaram os braços nesta quinta-feira (30), e realizaram nas principais cidades do Estado a tradicional mobilização anual da categoria no dia 30 de agosto, data simbólica da categoria, que ficou marcada no ano de 1988, quando o governador Álvaro Dias recebeu os professores com bombas e cavalos em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba.

Em Bandeirantes os professores se reuniram em frente à Praça Brasil Japão e seguiram em passeata pelas ruas centrais da cidade. A representante da diretoria da APP, núcleo de Cornélio Procópio Dorian Gusmão de Oliveira e o professor Leandro, participaram da 2ª edição do jornal Operação Cidade desta quinta-feira (30), falando desta manifestação apesar dos professores terem conquistado nesta semana a aprovação do reajuste em duas parcelas, sendo a primeira retroativa a julho, de 6,66%; e a segunda, de 6,65%, a ser implantada em outubro, a categoria ainda luta por outras importantes reivindicações.


Click aqui e ouça a matéria do repórter Luis Sérgio com a professora Dorian e o professor Leandro

 



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Assista ao vídeo da manifestação em Bandeirantes - PR e veja as também as fotos:







































sábado, 25 de agosto de 2012

IDEB E O DEBATE SOBRE O ENSINO MÉDIO

Publicado na Folha de São Paulo

Opinião

TENDÊNCIAS/DEBATES
As matérias do ensino médio devem ser reorganizadas em núcleos?


SIM


Evitar a dispersão é uma das mudanças
MOZART NEVES RAMOS

Os resultados do Índice de Desenvolvimento da EducaçãoBásica (Ideb), apresentados na última semana pelo Ministério da Educação (MEC), mostraram definitivamente que não há mais tempo a perder em relação ao atual Ensino Médio.

Uma reforma estrutural urgente precisa ser feita, pois o país está há dez anos simplesmente estagnado nessa etapa, e o pior, num patamar de aprendizagem escolar muito baixo. O propalado ensino médio inovador, lançado há alguns anos pelo próprio MEC, disperso e sem foco, não mostrou a que veio.

O MEC, numa primeira reação, aponta como saída a reorganização das disciplinas por áreas de conhecimento -um caminho que julgo correto-, evitando assim a grande fragmentação e dispersão dos atuais conteúdos transmitidos no ensino médio.

Hoje, o jovem termina essa fase escolar sabendo um pouco de cada matéria, sem um direcionamento para a área em que possa ter mais interesse, que faça mais sentido para sua vida. Entender as relações que existem entre as diversas disciplinas é imprescindível para que o jovem, que nessa fase já tem tantos outros interesses alheios ao estudo, veja sentido no que aprende na escola para sua vida, para seu futuro.

Mas isso não é suficiente para o tamanho do problema dessa etapa.

A formação do professor é um ponto imprescindível para colocar em prática um modelo de interdisciplinaridade, sempre com foco na prática de sala de aula. Sem mudar essa formação, nenhum modelo de ensino médio terá êxito. A criação de uma residência docente, por exemplo, seria muito bem-vinda.

Precisamos trabalhar fortemente pela ampliação da oferta de escolas de tempo integral, como os pró-centros iniciados em 2005 em Pernambuco, cujos professores são alocados em uma única escola, com tempo para planejar as aulas com os colegas da mesma área de conhecimento, colocando em prática essa interdisciplinaridade. Na escola de tempo integral cabe a eventual oferta de educação profissional e tecnológica, integrada ao ensino regular.

É preciso reconhecer também que o problema do ensino médio tem começado já nas séries finais do ensino fundamental, tornando urgente estabelecer uma base curricular comum para as escolas estaduais e municipais, já que ambas oferecem essa etapa da educação básica.

Seria interessante integrar melhor o 9° ano do ensino fundamental e o 1° ano do ensino médio, a fim de criar uma base comum preparatória para a formação do jovem, enquanto os dois últimos anos seriam dedicados à formação mais específica, de acordo com os interesses de cada jovem.

A plena incorporação das novas tecnologias e culturas nesse processo também é essencial para esses jovens do século 21. O Brasil tem hoje uma escola do século 19 e um professor do século 20 para um aluno do século 21!

E, por fim, para que todos esses pontos avancem, são necessários mais recursos, melhor gestão e vontade política; é preciso estabelecer com os Estados um pacto nacional pela escola dos jovens, aproveitando algumas (poucas é verdade, caso contrário o país não estaria nessa situação) boas experiências em curso.

É preciso olhar não só a ponta do iceberg, mas todo ele, para que, enfrentando devidamente os problemas do ensino médio, o Brasil não repita na próxima década os baixos resultados apresentados nos últimos anos para essa etapa.

MOZART NEVES RAMOS, 57, doutor em química pela Unicamp, é professor da Universidade Federal de Pernambuco, membro do Conselho Nacional de Educação e do conselho de governança do Todos Pela Educação
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneodebates@uol.com.br


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NÃO

Precisamos de mais ciência, não de menos
CELSO PINTO DE MELO

Os resultados recém-anunciados do Ideb trazem à atenção dos brasileiros a trágica realidade de nossas escolas nos níveis fundamental e médio. Os números ali refletidos ferem a nossa autoestima e, por alguns dias, a educação vira alvo de atenção nacional. Debate-se, critica-se, surgem ideias milagrosas e, logo, o tema volta ao esquecimento, para ressurgir com sazonalidade esperada quando do anúncio de novos indicadores.

Porém, mais que seu valor absoluto, o que importa nos números é o que eles nos querem dizer, e o que com eles queremos fazer. Quando os espelhos nos dão conselhos, podemos trocá-los por outros mais generosos. Ou podemos enfrentar a dor de sermos o que somos e, a partir daí, melhorarmos.

Há de se reconhecer que a tragédia da educação não corresponde a um acidente de percurso, sendo antes "obra de séculos" de descaso. A escola pública de excelência dos anos 1940 e 1950 era limitada a uma fatia privilegiada de nossa população. A grande novidade da educação brasileira no século 21 é democratização do acesso.

Só recentemente conseguimos a universalização do ensino fundamental, e progressos também estão sendo alcançados com relação ao médio. A imagem estática do espelho não pode refletir a dinâmica de um processo em evolução.

Não que isso deva nos acomodar. Somos hoje a quinta maior economia do mundo, mas, quando comparados internacionalmente a outros jovens de 15 anos, nossos adolescentes ocupam os últimos lugares em compreensão da linguagem e conhecimentos em matemática e ciências. Isso nos diz muito a respeito do tipo de preparação que estamos lhes dando para sua futura inserção no mercado de trabalho.

É por essa razão que a Sociedade Brasileira de Física (SBF) vê com profunda preocupação a proposta de substituição de disciplinas específicas de física, química e biologia por algo a ser chamado de "ciências da natureza".

Mesmo se relevarmos as questões sobre como formar professores em número suficiente e com a qualidade necessária para ministrar essa nova "disciplina", entendemos ser frágil e equivocada a justificativa de que isso levaria a melhores índices do Ideb. O Brasil mais justo, soberano e economicamente competitivo que todos nós imaginamos precisará de mais, e não de menos, ciência.

É urgente uma reforma no currículo do ensino fundamental e médio para que as ciências se tornem mais adequadas à realidade dos jovens de hoje. Todos eles devem ter o direito de experimentar a excitação da descoberta de como a natureza funciona e de entender suas leis mais gerais. O cidadão funcional deste século precisará saber integrar o conhecimento de várias áreas para poder tomar decisões em assuntos como saúde e segurança ambiental, consumo responsável, usos da biotecnologia etc.

Para aqueles que decidirem seguir carreiras nas áreas de ciência e tecnologia, o que temos de fazer é reforçar o conteúdo mais moderno nas disciplinas correspondentes e estimulá-los aaprender fazendo. A competitividade da economia brasileira vai depender de nossa habilidade de formar quadros técnicos capazes não apenas de fazer, mas também de continuar a aprender em sua vida profissional.

Os indicadores do Ideb nos causam dor. Podemos negar a imagem por eles refletida ou, com coragem, enfrentar o problema. A SBF se coloca à disposição para discutir a questão e colaborar com a construção de uma nação moderna.

CELSO PINTO DE MELO, 61, doutor em física pela Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, é professor da Universidade Federal de Pernambuco e presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF)
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

EDUCAÇÃO EM ALERTA: “GOVERNADOR, COMPROMISSO ASSUMIDO, TEM QUE SER CUMPRIDO!”.

Do Portal da APP Sindicato


Atenção! Já estão disponíveis os materiais para o '30 de agosto'


A Secretaria de Imprensa e Divulgação da APP-Sindicato elaborou uma série de materiais para mobilização da categoria - e informação da comunidade - para este 30 de agosto. Clique nos links abaixo para fazer o download dos materiais:

sábado, 18 de agosto de 2012

Paralisação e assembleia no 30 de agosto

Do Portal da APP Sindicato


30 de agosto é dia de paralisação e assembleia

Impasse nas negociações com o governo motivam reunião extraordinária do Conselho Estadual, que define calendário de mobilização.



Neste sábado aconteceu uma reunião extraordinária do Conselho Estadual da APP-Sindicato. O motivo é o impasse nas negociações com o governo do estado, sob alegação do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Durante toda a semana, conselhos regionais se reuniram para debater a atual situação. A indignação é consensual. Com representações de todo o estado, foi retirado um calendário de mobilização unificado.

Dia 30 já uma data tradicional para a entidade. Todos os anos há uma passeata que relembra o dia em que Álvaro Dias atacou a manifestação dos professores com bombas e cavalos, em 1988. Mas neste ano, a data coincide com o prazo dado ao governo para resolver as pautas da categoria. Por isso, além de paralisação e passeata, haverá uma grande assembleia (em local a ser definido), para que a categoria analise e vote as próximas ações.

"Se o governo não resolver o reajuste dos professores e funcionários e o plano de carreira, nós vamos entrar em estado de greve", adianta a presidenta Marlei Fernandes de Carvalho, que sintetiza o que foi discutido em todos os núcleos sindicais.

Confira o calendário:


28 / 08 - panfletagem com carta aos pais e à comunidade explicando os motivos da paralisação

29 / 08 - Aulas de 30 minutos com debates nas escolas

30 / 08 - PARALISAÇÃO, PASSEATA E ASSEMBLEIA


Vários materiais estão sendo produzidos: faixas, adesivos, panfletos e jalecos. O vídeo dos 65 anos da entidade também será usado para incentivar a mobilização

Todos os núcleos devem reproduzir estes materiais e conversar com as escolas para que utilizem as faixas com os dizeres "Governador: compromisso assumido tem que ser cumprido".

Os compromissos

O governo do estado se comprometeu a dar um reajuste de 19,55% ao magistério parcelado até outubro - índice necessário para se cumprir a Lei do Piso. A primeira parcela, em maio, foi a reposição da inflação (5,1%). A segunda parcela, de 6,66% deveria ter vindo em julho.

O governo ainda prometeu mais 3,54% para os funcionários (que é a diferença para o salário mínimo regional) - apesar da APP ainda defender os 8,59%.

Após o alerta do Tribunal de Contas, o governo travou as negociações. Apesar do Limite da LRF não significar falta de recursos.
Além disso, ainda não foi encaminhado o projeto de lei com o novo plano de carreira dos funcionários e há progressões atrasadas.

"Se o governo resolve isso, manteremos o estado de alerta até cumprir todos os itens da pauta até dezembro. Inclusive já vamos fazer as manifestações sobre a hora-atividade", explica Marlei. A promessa é que os 33% estejam implantados no ano que vem.

O Conselho é uma estância superior à direção da entidade . É formado por 17 diretores estaduais, 29 presidentes ou representantes dos núcleos sindicais (NS), representantes da APP em outros conselhos e membros eleitos na base - um a cada mil sindicalizados.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

INDICATIVOS PARA MOBILIZAÇÃO DA CATEGORIA

Da direção da APP Sindicato


A todos os educadores e educadoras (professoras/es e funcionárias/os)

A Direção Estadual da APP-Sindicato, diante da demora do Governo em cumprir os compromissos firmados com a categoria após as mobilizações, está convocando  TODOS OS DIRIGENTES (Diretoria regional, representante de município, de base e de escola) para realizar o CONSELHO REGIONAL, que tem como objetivo a análise da situação atual e quais os encaminhamentos para o próximo período. 

Vamos realizar dia 16/08 às 16 horas na sede da APP-Sindicato de Cornélio Procópio a reunião do nosso Núcleo Sindical. Portanto, peço a todos e todas que conversem com seus pares nas escolas e vejam quais os indicativos de mobilização da categoria. Assim, teremos condições de ir ao Conselho Estadual e representar a vontade de todos. 

Verificar se há representante eleito na escola, caso não houver, escolher um representante de professores/as e de funcionários/as para comparecer à reunião.

Att,

Sidineiva G. Lima
Presidente do N. Sindical de C. Procópio
APP-Sindicato

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

"O argumento de que somos um país construído na miscigenação não invalida a verdade de que somos um país erguido com preconceitos e discriminações que precisam ser corrigidos, e com urgência."

Do Direto da Redação, via blog do Liberdade Aqui!


Um bom conceito para democracia: "A nossa cota na redenção"

A nossa cota na redenção
Rodolpho Motta Lima


Se considerarmos como um bom conceito para democracia aquele que a afirma como um regime político em que o Governo é “do povo, pelo povo, para o povo”, e, a partir daí, tentarmos estabelecer uma espécie de índice de “Democracia Interna Bruta” (substituindo o “PIB” pelo “DIB” como elemento aferidor do progresso nacional), inevitavelmente teremos que analisar em que medida o conjunto de leis do país vem evoluindo de forma a corresponder às aspirações cidadãs do seu povo.

Muitas vezes, o próprio povo , fazendo valer o verdadeiro sentido da expressão “opinião pública”, é quem toma a iniciativa de provocar a legislação de que se ressente, revelando, nessas oportunidades, a omissão daqueles a quem conferiu representabilidade. Esse é o caso da lei da “ficha limpa”, que provavelmente jamais teria sido elaborada pelos nossos legisladores se não tivesse havido a pressão popular.

Paradoxalmente, é fato raro que o povo consiga sobrepor-se a seus “representantes” e veja atendidos, pelo sistema legal, os seus interesses. Muitas vezes, o próprio povo perde oportunidades que lhe são “concedidas”, não percebendo manipulações que escondem interesses que não são os da cidadania. Penso que isso aconteceu, por exemplo, na consulta popular (uma das raras em nosso país) feita sobre o desarmamento, quando uma forte campanha da turma das armas , amparada por expressivo apoio midiático, consagrou a tese de que era necessário preservar entre nós a venda legal de armamentos.

A recente votação do Código Florestal é outro exemplo significativo do distanciamento entre os interesses legítimos da população e as espúrias conveniências dos assim chamados “ruralistas”, um eufemismo para mascarar muitos latifundiários e exploradores responsáveis pelo desmatamento de nossas matas. Uma “bancada” surreal - quase um terço do Congresso – que representa algo totalmente contrário aos interesses do povo eleitor e, por extensão, do país.

Mas nem tudo está perdido nesse campo. Refiro-me aqui à recente deliberação do Senado que, como resultado de legítimas pressões, vem atender a reclamos da sociedade, aprovando o projeto que regulamenta o sistema de cotas raciais e sociais nas universidades públicas federais em todo o país. Metade das vagas nas universidades deve ser separada para cotas e essa reserva – para alunos da rede pública - será dividida meio a meio, entre cotas sociais (para os comprovadamente carentes) e raciais (destinadas aos estudantes negros, pardos ou indígenas, conforme distribuição censitária em cada estado da Federação).

Em outra oportunidade, já expus minha posição aqui no DR, mas nunca é demais reforçá-la, até porque a discussão continua. Acabo de ler um editorial do Globo contrário a essa medida, alegando que ela é ”racista”, ‘‘prejudicial ao ensino superior”, e que “o azar ficou para o branco pobre”. O texto também se refere à “preocupação de não relegar a segundo plano algo vital no ensino: o mérito de cada um, independentemente da “raça”. Geralmente não concordo com o pensamento “global”, e agora não é diferente. É uma questão ideológica, a velha e sempre presente questão da esquerda que defende a redenção social e da direita que quer ver mantidos privilégios. O editorial do Globo considera “falacioso” o argumento da dívida histórica dos brancos para com os negros como justificativa para as cotas raciais , argumentando que “negros também foram donos e comerciantes de escravos”. A conhecida técnica argumentativa da falsa generalização, que não resiste a um segundo de reflexão. A escravidão entre nós foi basicamente praticada pelos brancos contra os negros. Simples assim. E, a partir do processo de abolição, em nenhum momento se incrementaram seriamente, ao longo de mais de um século, medidas de inclusão dos negros, ainda hoje componentes majoritários dos segmentos sociais menos favorecidos.

O argumento de que somos um país construído na miscigenação não invalida a verdade de que somos um país erguido com preconceitos e discriminações que precisam ser corrigidos, e com urgência. É preciso mesmo radicalizar para, em um futuro que esperamos não muito distante, cotas não sejam mais necessárias. Agora, a hora é de saldar a dívida.

A questão do mérito não pode ser desprezada, é claro. Como professor, jamais negaria sua importância. Mas ela está, a meu ver, garantida pelas vagas que estão fora das cotas. Também como professor, acompanhei o perverso e intencional processo de deterioração do ensino público ao longo das últimas décadas, desde os anos 60, e sei que esse panorama precisará de uma geração para ser alterado. Não dá para esperar.

E aos que alegam que a adoção da cota é prejudicial, convido, mais uma vez, a verificarem os números apresentados pela UERJ – primeira a instituir esse sistema no Rio de janeiro – que revelam que os estudantes cotistas são menos reprovados, desistem menos do curso e se formam mais do que os demais colegas. Sem quebra da qualidade do ensino na Universidade. As razões são óbvias: o cotista agarra essa oportunidade como a única na vida, não quer nem pode desperdiçá-la e por isso estuda e, com superação, vence as dificuldades. Se somos mesmo um povo tendente à miscigenação, devemos todos estar satisfeitos com esse panorama. 

Sobre o autor deste artigoRodolpho Motta LimaAdvogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

MOBILIZAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO EM FRENTE AO NRE DE CORNÉLIO PROCÓPIO

Da App NS Cornélio Procópio


Funcionários da Educação: 7 de agosto é dia de mobilização!

Atos acontecem em todo o Estado. Um dos objetivos é pressionar o governo para o envio do PL com alterações no plano de carreira

:: Clique e leia a Carta aos Funcionários


 

Para celebrar o 'Dia do Funcionário da Educação' - 7 de agosto - a APP-Sindicato organizou uma série de mobilizações em todo o Estado. Em Curitiba, o ato ocorreu, a partir das 9h, em frente ao prédio da Secretaria de Estado da Educação (Seed).

O NS da APP de Cornélio Procópio promoveu, no mesmo horário, às 9h, ato em frente à sede do Núcleo Regional de Educação de Cornélio Procópio.


No período da tarde, a partir das 14h, os núcleos sindicais de Curitiba, Região Metropolitana e do Litoral estarão acompanhando uma sessão solene no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O secretário de Funcionários da APP, José Valdivino de Moraes, fará um pronunciamento em nome da categoria.

Os atos têm como objetivo pressionar o governo para que várias demandas da categoria sejam atendidas. Entre elas estão:

::O envio da proposta de alteração do Plano de Carreira à Assembleia Legislativa e sua aprovação.
:: O reajuste de 8,59% (que faltam para os 14,13%) para os funcionários.
:: A realização de concurso público.
:: O pagamento de todas as promoções.
:: A não demissão dos PSS.
:: O reconhecimento dos funcionários na Lei do Piso.
:: A não alteração do critério de reajuste do piso, garantindo ganho real.
:: A aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE) com 10% do PIB e da Meta 18, que institui prazo para implementação de carreira e piso para os profissionais funcionários.
:: O pagamento do PDE em atraso.


Histórico - O Dia do Funcionário de Escola foi instituído no Paraná em 2010, por meio da Lei 16.423, de autoria do deputado estadual Professor Lemos (PT), para lembrar seu papel como educadores, o que fora reconhecido um ano antes, em lei federal. A partir de 2009, os funcionários de escola, desde que cumpridos os requisitos de formação e habilitação, também passam a integrar uma das categorias profissionais dos educadores - juntamente com professores e especialistas em educação.

A mudança - fruto de lutas da categoria - foi consagrada na Lei 12.014/2009, que altera o artigo 61 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que caracterizou os profissionais da educação, conforme habilitações próprias. Também, nos últimos anos, os funcionários de escolas no Estado acumularam importantes conquistas como o plano de carreira, ProFuncionário, inclusão do curso superior em tecnologia para funcionários no catálogo do MEC, além da convocação de agentes I e II aprovados em concurso.

sábado, 4 de agosto de 2012

ALERTA GERAL AOS SERVIDORES: GOVERNO DO PR QUER SUSPENDER NEGOCIAÇÕES

Do Portal da APP Sindicato

Servidores em estado de alerta!
 
Após plenária, FES marca mobilização em frente ao Palácio das Araucárias no dia 16 de agosto
:: Ouça mais na Rádio APP


Nesta quinta-feira (02) aconteceu, na sede da APP-Sindicato, mais uma plenária do Fórum das Entidades Sindicais (FES), que representa os servidores públicos do estado. Houve uma avaliação política da situação pela manhã e uma análise financeira das contas do estado com a consultoria do economista do Dieese Cid Cordeiro à tarde.


Na última reunião com a Secretaria de Administração e Previdência (Seap), no dia 26, o secretário Jorge de Bom alegou que não havia mais recursos para negociar novos itens da pauta. O FES não aceita este argumento.

"Nós entendemos que o governo tem que encontrar uma saída o mais rápido possível para não paralisar as negociações. Nós estamos em estado de alerta; em defesa do serviço público, da continuidade das negociações, das nomeações, de concursos público e da ParanaPrevidência", afirma Marlei Fernandes de Carvalho, coordenadora do FES.

Ficou decidido que no dia 16 de agosto, às 13h, haverá uma manifestação em frente ao Palácio das Araucárias, quando está marcada a próxima reunião com a Seap. "Vamos avaliar e tirar mais manifestações em setembro e outubro até que possamos resolver todas as pendências com o governo do Estado", completa Marlei.

Entenda o caso:

Recentemente o Tribunal de Contas da União (TC) indicou que o governo já estaria ultrapassando o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Este é um argumento utilizado para "travar" as negociações com os trabalhadores, justificando cortes de novos gastos.

O FES há anos defende que imposto de renda e pensões devam ser retiradas dos cálculos, pois não podem ser calculadas como "despesas com pessoal". Após muita resistência, por fim, o governo acena que estudará essa alteração - o que pode dar margem financeira para as negociações.

O TC também confirmou o relatório divulgado pelo Fórum há dois meses referente ao rombo de mais de 7 bilhões no ParanaPrevidência. Os servidores exigem participar da construção do novo plano de custeio e pedem que mais informações sobre o instituto sejam disponibilizadas.